Dedicado a Cicero Guedes. Líder do MST, executado a vários tiros. Ex-escravo e poeta das multidões. Unia campo e cidade, pela voz, violação, várias canções e ginga negão. Saudade eterna, mano Cirão.
Relator: Raphael Calazans
Vários sonhos, tantas saudades, vejo o campo nas dores da cidade
Sinto a favela, na mão preta limpa de terra,
origem da vida e bela
Desenhando as cicatriz , varias marcas,
Liberdade é conquista, É decidir: ou morra, ou morra como vítima!
Me aproximo pelo coração, afinal rimar é o permanentemente o exercício de corolalisar, descolonizar, por em movimento, memórias e milhões de corações.
Pulso firme meus irmãos, nós somos filhos de várias multidões
Práticas fenomenais, histórias, nossos ancestrais
A benção meu pai Ogum, meu Exum, guia e protetor
Tupã na terra, um homem livre colocou..
Do seu últero, a natureza vida anunciou.
Saberes, práticas, arte milenar. Não se mede por números, conhecimento é arte popular
Do nosso chão, fundo de quintal. É o povo que assina o show, publica e asina a direção.
Não são quantos livros escrito por anos,
E o quanto o nosso corpo experimenta e suporta, é formado por centenas de anos de danos.
E ai negão, hoje é quarta feira e sua cara está estampada na Fiocruz. Vários te olham, se emocionam, mas você é uma idéia perpetua, uma estrela, uma Luz.
Indigenas, Quilombolas, ribeirinhos, linguagem originária Poliglota. Diversidades, unidades em memórias. Para nós isso tem mais valor é história!
A luta que a Bala não matou. Somos filho do Ezequiel, aquele mesmo que mora no Complexo do Alemão. Na fiocruz não foi lembrado, pois passou 40 anos limpando o chão.
Somos filhos da dona Ana, doméstica, velha, de saúde toda fudida. Mas ainda que cheia de dores,
Me ensinou a não chegar, sem agradecer por mais um dia.
Mas olha que louco, muita coisa mudou. Os filhos desses caras hoje canta rep, dança jongo, saúda o rio, na casa e na cara de vários doutor.
Não é só mais uma alegoria. Não é prá bater palma, tira foto prá depois dizer que Até já abracei uma índia”
Perdão pelas palavras, e os palavrões. Mas a forma poética, vem lá de dentro, impossível não cantar, emocionar, vendo a cara preta desse negão.
Não é ele, somos todos nós.
Quem morreu, quem viveu e quem hoje continua resistindo,
existindo, produzindo a vida, com pão, ciranda e violão
Conhecimento, memórias, histórias fenomenais
A morte não mata aquilo que para nós é tradicional.
A bala fera o sangue espalha. Viramos adubos para outras peles resistirem o corte da navalha.. Somos os afetos, e nossa existência transcende o tempo agora.
Se espalha, se expande, une cidade e campo, o nordeste, nossos cantos, por todos os cantos.
No mais negão, abraça ai a Marielle. Sua música virou prece, nosso imperitvo...Terra é de quem plantar...Favela é de quem a merece.
Vida Longa ao Neepes!