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Encontro de Saberes: GT I Racismo e violência

"Encontro de Saberes: Ecologias, Epistemologias e Promoção Emancipatória da Saúde" - 26, 27 e 28 de novembro de 2018 

Relatora: Jessica Marcele

Rel(ATOS)

De onde eu falo?
Qual é a minha tribo?
Já viu quem nasceu rei, virar vassalo?
Não saber de onde venho, é um projeto político: GENOCÍDIO!

Índio Rio de Janeiro - Tupinambá, tribo de guerrilha
Povo que não nasceu pra servir sua ilha "cari oca"..
Porque em "casa do branco"
Só existe reflexo de si mesmo
E ainda querem ver meu povo a esmo!

Há um inimigo comum que se veste diferente
E a gente? 
Como faz pra seguir em frente? 
Permanecer no Front
Diante da guerra que pra noiz nunca acabou!
Como quem tem certeza da impunidade,
Mas pra matar não vê idade.

Unidade da diversidade
Não preciso de colarinho branco e terno,
Eu sou um povo autônomo que me auto governo!

Pra existir Leblon, tem que existir Manguinhos,
Heliópolis, 
Alemão,
Paraisópolis
Capão,
A rua da minha casa,
O beco do seu vizinho.

O que é direito negado,
Pra quem nunca foi visto como merecedor de tal?
Sempre Marginalizado!
Na favela todo dia um corpo jovem negro é tombado ou encarcerado.
 

Não! Não! E não! 
Não dá pra ter calma!
As pessoas estão morrendo
E a tristeza também mata!
Parafraseando Luiza Romão:
Matas virgens, virgens mortas.
São as mulheres pretas que mais sofrem na sala de parto,
Que mais morrem dentro e fora do quarto,
Que atravessam vielas pra salvar vidas em outras favelas,
Que limpam o seu chão, pra botar comida no nosso prato!
E o fato é que nada as abala,
Minha poesia é pra
Fazer com que essas mulheres sejam visíveis por sua própria fala!

E a bala do fuzil, quem viu? 
Nas periferias não são perdidas,
São direcionadas e encontradas!

"Tem por bandeira um pedaço de sangue onde flui a correnteza do canal do mangue.. " Salve Elza Soares!

Não compartilhar conhecimento, 
é projeto de exclusão e dominação! 
"- ele não viu que eu tava com a roupa da escola, mãe?"
Camburão.
Calça azul, camiseta branca..
Quando se entra no presídio é como se entrasse no recreio. 
Pausa. 
Anseio.
Ao invés de cortar os pulsos,
Corta laços que se tornaram nós na garganta.
Espanca, espanca, espanca.. 
na cama de um hospital..
TORTURA, GENOCÍDIO, RACISMO..
ainda te parece banal?
Levanta a alavanca do medo,
É um beco.. será que tem saída?
A ferida estanca?